Retomada do mercado de trabalho será lenta e desigual, disse José Pastore sociólogo da USP e da Fecomércio-SP.
Para José Pastore, mercado de trabalho não terá uma rápida retomada em 'V', mas sim, uma recuperação lenta e desigual nos diferentes setores (Por Douglas Gavras)
Para o professor da Universidade de São Paulo e presidente do Conselho de Emprego da Fecomércio-SP, José Pastore, a retomada do mercado de trabalho após a pandemia não será em “V” – de forte queda e rápida recuperação. Ele espera a volta lenta do emprego e desigual nos diferentes setores. A seguir, trechos da entrevista:
Como avaliar os dados de desemprego de julho?
Os números são desastrosos, mostram que praticamente tudo piorou. A população ocupada caiu 12,3% em relação ao ano passado. O nível de ocupação, encolheu quase pela metade. Não é surpresa, já que a pandemia foi muito severa, mas não deixa de assustar.
Fica clara a necessidade de o governo agir para que a recuperação seja mais forte?
Sim. O trabalho informal, por exemplo sumiu. É uma coisa dramática, que nos leva à necessidade de alguma política para o começo do ano. O ministro Paulo Guedes (da Economia) fala em recuperação em ‘V’, mas o mercado de trabalho não vai reagir tão depressa. Talvez tenha idas e vindas, e esse ‘V’ acabe virando um ‘W’.
Os setores devem se recuperar em ritmos diferentes?
Já estão assim. O agronegócio continua bem e, ainda que não gere tantos empregos, ele cria postos indiretos nas comunidades em que está inserido. É um fator positivo para o ano que vem. O governo chegou a falar em reativar a reconstrução de casas populares e as obras paradas, o que seria positivo. O transporte de cargas também já parou de demitir. Os supermercados e farmácias estão mantendo os empregos.
E quais setores ainda vão mal e preocupam?
Escolas particulares, por exemplo, perderam muitos alunos e se espera uma demissão em massa no começo do ano. O mesmo com a saúde privada, com a redução no número de usuários dos planos médicos. E, é claro, o setor de turismo e hotelaria, que falam em recuperação só em 2024. (Fonte: Estadão)